A intensidade dessas vontades estão me consumindo. A dor de não poder tê-las é afiada, angustiante e cegadora. Agora mesmo, está doendo de um jeito que eu desistiria de muita coisa pra que parasse. De um jeito que perco o fôlego de vontade de chorar, como se eu fosse engasgar. Que engraçado, engasgar de dor, dor física.

No meio do caminho, sem força pra largar de mão, sem força pra seguir em frente. Sentimento de não poder fazer nada, de estar presa dentro de uma camisa de força, essa que é minha própria cabeça. Eu não saio de mim. Ah, se pudesse. Que alívio.

Perder as memórias por alguns dias seria igual perder essas dores. Ficar sã por algum tempo, não sentir nada negativo. Não sentir, de fato. Sem julgamentos, seria infinitamente melhor. É muito desamor, é muita rejeição, é muita impotência. Não consigo lidar, acho que nunca conseguirei.

Dizem que a  vida vai te fazendo forte, vai te fazendo resistente. Não sei depois de quantas quedas, mas sou a mesma fraca pras coisas de sempre, e isso já tem 23 anos e 2 meses exatos.

Acontece que eu só não aguento mais. E alguns dirão que isso não é nada. Pois é, esse nada já é muito, já me quebra e me limita. Já me murcha e me dilacera, e esses ferimentos me desestabilizam pra vida.


"Chorar por tudo que se perdeu,
por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser,
pelo que perdi de mim, pelo ontem morto,
pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe,
pelo muito que amei e não me amaram,
pelo que tentei ser correto e não foram comigo.
Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém,
recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação.
[...]
A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso.
A única magia que existe é a nossa incompreensão."


Caio Fernando Abreu, Dor.

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